18 de outubro de 2019

Memorial do Seminarista II dá que pensar

A freguesia de Argeriz, do concelho de Valpaços, foi palco, dia 28 de setembro, de um encontro de antigos alunos do Seminário de Vila Real que começam a sentir a falta da Casa que os acolheu desde 1930, e que com esse caráter formativo deixou órfão o distrito de Vila Real, sem manifestação pública de saudade e de bem haja à cidade que acolheu vários milhares de jovens dos seus catorze concelhos.

Não chegou a ter um século de vida, enquanto casa de formação, num tempo em que tudo era escasso, difícil e sem esperanças de vida melhor. De cada concelho chegavam sempre alguns que seguiam exemplos anteriores e, só depois de abrirem os olhos, se perguntavam como e por que vinham ali parar.

Essas interrogações faziam-se nos três recreios, debaixo das tílias ou à sombra dos altos muros que davam sombra no verão e resguardo no inverno. Mesmo assim, ainda hoje esses três espaços são tema de conversa, quando velhos e novos reúnem em convívios anuais, seja por anos de entrada, seja pelo São Martinho, seja no terceiro sábado de maio de cada ano que ficou como data regular para que a Associação dos Antigos Alunos programe o seu calendário de presença.

Tudo isso é louvável e se agradece a quantos têm gosto e estima pelos anos – os melhores anos - que tivemos na vida social. Eram os anos da inocência.

O ano de 1952/53 teve 51 alunos, dos quais apenas sete se ordenaram. Um desses sete, foi o mártir Padre Max, transformado em herói do 25 de Abril.

Desse ano de entrada, ordenaram-se sete. Só três desses são vivos: o Albano Silva, o Fernando Pereira, e o Guilhermino Saldanha. Destes três só o Albano esteve presente e celebrou a Missa, em Argeriz que tão bem nos recebeu.

Mas estiveram vários que se ordenaram, acabando por deixar o sacerdócio; mas não os caminhos da fé. Sinal de que continuam a ser homens coerentes. E, desta vez, a dinâmica e o empenho do promotor, Abel Moutinho fez com que o grupo de 1952 ficasse reforçado com outros, anteriores e posteriores, como o Armando Jorge que ali me deslumbrou pela biografia que tem preparada para legar ao herdeiro e demais família. Foi um distinto aluno e um cidadão probo que enriquece esses ambientes tão calorosos. Ele entrara em 1945. Nasceu em Ervões desse mesmo concelho. O Manuel João da Cruz Costa, de Alhariz que foi cooperante e fundador do Instituto Superior da Maia. O Cascais, o Mário Telmo que nunca se esquece de uma garrafinha do vinho do Porto, O Zé de Murça, o Chico, o Cruz e o Henrique Ferrador que serviram no fisco. Este último ficou incumbido de organizar em Castro d´Aire o Encontro em 2020. Por falta de espaço não posso enunciar mais nomes. Digo só que o Zé Baptista, pelo segundo ano consecutivo, organizou o memorial do seminarista com “estórias” de quem gosta de registar as suas memórias. Em 2020 sairá o III. O Abel Moutinho que povoou a RTP dessa época, com pivôs de luxo, na qualidade de psicólogo, passou a pasta ao Ferrador que fará novo encontro a sério. 

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