26 de maio de 2017

Sabia que a produção de vinho no concelho de Valpaços remonta à pré-história?


Arqueólogos, enólogos, enófilos, vitivinicultores e investigadores reúnem-se no concelho de Valpaços, a zona que, em Portugal, mais concentra lagares rupestres cavados na rocha granítica.

Valpaços é o concelho que, em Portugal, concentra o maior número de lagares rupestres cavados na rocha granítica. Trata-se de um património pouco conhecido, que remonta à época romana e que se encontra por toda a Península Ibérica.

Este património é alvo de estudo, análise e debate, a partir desta sexta-feira e até domingo, num simpósio que pretende promover o debate sobre o processo de vinificação antigo.

Organizado pela Associação dos Viticultores de Trás-os-Montes (AVITRA), com a parceria da Câmara de Valpaços, o I Simpósio Ibérico sobre Lagares Rupestres reunirá arqueólogos, enólogos, enófilos, vitivinicultores e investigadores para falar de vinho, vinha e lagares cavados na rocha.

“Neste território, a cultura da vinha já era uma importante e próspera actividade nos primeiros séculos da nossa era, cujo vinho produzido já não seria unicamente para consumo local mas, também, com fins comerciais”, sublinha o presidente da AVITRA, Augusto Lage.

“E uma investigadora da Universidade do Porto, que está a fazer um trabalho muito interessante na serra dos Passos, encontrou lá grainhas com quatro mil anos”, acrescenta.

Vestígios indiciam a presença de romanos que terão ocupado o território e despertado o gosto pelo consumo de vinho, provavelmente fabricado em bica aberta. As uvas eram pisadas e o vinho mosto era recolhido de imediato para, posteriormente, ser fermentado em cubas de madeira.

“A fermentação não se dá junto da pelicula da uva. É um vinho palhete, leve, que as pessoas iam bebendo ao longo do ano, porque em termos de conservação não era fácil”, explica Augusto Lage.

No concelho de Valpaços, estão identificados mais de uma centena de lagares escavados em maciços graníticos, um trabalho de vários anos do investigador Adérito Medeiros Freitas, que levou à publicação de três livros sobre o tema.

O presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, acredita que o simpósio ibérico vai permitir “conhecer melhor o património histórico e cultural ligado ao cultivo da vinha e do vinho, um património rico, mas pouco conhecido”, bem como adquirir “um conhecimento mais aprofundado do vinho de Valpaços que esteve presente nas mesas dos imperadores”.

O autarca diz-se empenhado em criar “um roteiro dos lagares rupestres”, promovendo assim um património que pode ajudar a “atrair pessoas” ao território.

Os lagares escavados na rocha estão entre os vestígios mais antigos associados ao cultivo da vinha no Douro e em Trás-os-Montes, e há investigadores que acreditam que, neste território, a produção de vinho pode remontar à época pré-histórica.

Fontes: http://rr.sapo.pt/noticia/84647/sabia_que_a_producao_de_vinho_no_concelho_de_valpacos_remonta_a_pre_historia

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