O Tribunal de Vila Real começou hoje a julgar nove suspeitos de pertencerem a uma rede que alegadamente burlou e roubou dezenas de idosos, com a maioria dos arguidos a optar por se manter em silêncio.
Lusa
O julgamento desta rede começou sob fortes medidas de segurança, envolvendo elementos da PSP, guardas prisionais e Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais.
A meio da manhã, uma das artérias centrais da cidade foi, inclusive, fechada ao trânsito para a chegada do carro celular que transportava os cinco arguidos que se encontram em prisão preventiva.
Oito dos arguidos possuem relações familiares e são acusados pelo Ministério Público (MP) de 130 crimes, entre os quais associação criminosa, branqueamento, roubo, burla, furto, ameaça e detenção de arma proibida. O nono arguido é um ourives suspeito do crime de recetação.
Segundo o MP, pelo menos desde 2008, os elementos deste grupo roubaram dinheiro e peças em ouro a idosos e pessoas indefesas em zonas rurais e isoladas, recorrendo a elevado nível de violência e a armas de fogo para intimidar as vítimas.
Alegadamente, a rede era liderada por Manuel Brites Pinto, que é designado na acusação como "patriarca" da organização e que está acusado de 22 crimes.
Nesta primeira sessão, comparecem no Tribunal de Vila Real seis arguidos, estando um internado e dois em parte incerta. Dos presentes, apenas dois aceitaram falar.
Durante a manhã foi ouvido Nelson Pinto, que recusou a autoria dos 18 crimes de que é acusado pelo MP e justificou os rendimentos com os negócios de carros e roupa contrafeita, bem como uma herança do sogro.
O grupo vivia na margem sul do rio Tejo, mas exercia a sua atividade do Alentejo ao norte do país, região onde intensificou as burlas e roubos.
O processo está a ser julgado em Vila Real, porque foi neste distrito, no concelho de Valpaços, que ocorreu o crime mais grave, nomeadamente o de uma tentativa de homicídio de que são suspeitos Manuel Brites Pinto e Carlos Ramos Pinto, por terem disparado contra o filho de uma das suas vítimas.
Os suspeitos, com idades entre os 28 e 59 anos, apresentavam-se aos idosos como médicos, técnicos, funcionários e "doutores" da Segurança Social e diziam que andavam a trocar notas que iriam sair de circulação ou a verificarem as marcas das peças em ouro que se encontrassem na posse dos particulares para apurarem a sua autenticidade.
Quando as vítimas se recusavam a entregar os seus bens ou gritavam por socorro, os arguidos ameaçavam-nas ou agrediam-nas fisicamente.
O MP identificou quase meia centena de casos até junho de 2013, quando a rede foi travada pela Polícia Judiciária (PJ) de Aveiro.
Alegadamente com a intenção de ocultar a proveniência das quantias roubadas, os arguidos distribuíam o dinheiro por diferentes contas bancárias, na sua titularidade e de familiares, e adquiriram imóveis, vários artefactos em ouro e veículos automóveis.
Como os suspeitos não apresentavam quaisquer declarações de rendimentos, o MP concluiu que estes bens, totalizando cerca de 3,5 milhões de euros, resultam da atividade criminosa e, por isso, devem ser declarados perdidos a favor do Estado.
No tribunal de Vila Real estão já marcadas mais sete sessões para esta e a próxima semana.
Fontes: http://www.noticiasaominuto.com/pais/342186/tribunal-comecou-a-julgar-rede-acusada-de-burla-e-roubo-a-idosos
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