21 de fevereiro de 2015

Encontros Temáticos: Saberes na educação: construções dialógicas


Vivemos a época do conhecimento e quem melhor estiver apetrechado maiores sucessos pessoais e profissionais alcançará e assim melhor contribuirá para um progresso sustentado e humanizado da sociedade.
É com este entendimento que o Centro de Formação de Professores do Alto Tâmega e Barroso, em estreita cooperação com as escolas Associadas, desenvolve uma panóplia diversificada de intervenções formativas na perspetiva de uma qualificação pessoal e profissional dos seus agentes educativos.
A mais recente são os Encontros Temáticos que abrangem os temas “Leitura e escrita: os dois pilares da Língua Portuguesa”, “Artes na Escola – contributos para a cidadania”, “Aprendizagem: potencialidades e dificuldades” e “Gestão Escolar – desafios e constrangimentos” e que se realizarão mensalmente.
A primeira ocorreu na Escola Secundária de Valpaços, na passada quarta-feira, e foram oradores os professores João Madureira, Manuel Araújo, Norberto do Vale Cardoso e Rui Sousa, ilustres escritores e professores das Escolas associadas, sendo a sessão moderada pela professora Ana Sofia Bento da Escola Secundária de Valpaços. A sessão foi aberta pela professora Aida Pereira, Presidente do Conselho Geral, em substituição do Diretor da Escola devido a impedimento oficial, e pelo Diretor do Centro de Formação Altino Rio, que deram as boas-vindas, agradecendo as diversas colaborações e apresentando uma explicitação deste evento.
Os palestrantes, cada um com o seu estilo pessoal, abordaram o tema da leitura e escrita, quer numa perspetiva das suas vivências pessoais e no percurso como escritores, quer pelas influências que tiveram através de leituras de outros autores. As intervenções foram ricas no seu conteúdo e foram motivadoras para o público presente, retirando-se do texto resumo algumas considerações abordadas nas intervenções. Do prof. João Madureira, “da necessidade das palavras…”, reteve-se que “há palavras que é preciso imaginar dentro dos seus sons. Há palavras pacientes. Há palavras criptogâmicas que demandam a perseverança através do oscilar da noite… Há palavras delirantes. E há palavras que são raízes.” Afirma que para um professor, convictamente, passar a mensagem aos alunos da importância da leitura e da escrita também ele tem de ler muito e que escrever bem implica muito mais trabalho que inspiração.
O prof. Manuel Araújo, intitulando a sua intervenção “O efeito catártico da leitura”, constata que “há livros que existem para nos enfeitiçar, como dizia Gabriel García Marquez quando falava na ponta do cordel e da atitude do leitor atrás da ponta do cordel, como um gatinho atrás de um brinquedo. Por isso, a primeira página dum livro pode ser decisiva, pode transportar-me para o prazer anunciado trazido por essa página. Ou não. (…) O que é um bom livro? Há parâmetros para qualificar um bom ou um mau livro?(…) O incómodo, a alteração psicológica do leitor, a raiva dele, a necessidade de parar de ler para fixar o tecto por causa do efeito estético avassalador. Será isto um efeito maléfico ou benéfico da leitura? A tristeza e a alegria, qual dos dois estados se compagina melhor com a chamada estética da recepção do texto?”. Interrogações que desenvolveu no debate.
O prof. Norberto do Vale Cardoso, recorrendo sempre na sua intervenção a grandes autores da Literatura, diz-nos que “António Lobo Antunes [verifica] que ‘quem não inventa uma língua junta linhas’. Escrever será, pois, transformar a língua, criar com as mesmas palavras, coisas não ditas, mesmo num tempo em já tudo parece ter sido dito. Este ofício de paciência exige tempo, silêncio e rigor, ainda que tais pressupostos não pareçam compatíveis com a nossa era, em que o silêncio e o tempo parecem ser um luxo.” Por isso, cabe ao professor este “obscuro Domínio: o da escrita, o da leitura e o do ensino desses dois pilares da língua portuguesa nos dias que correm.”
E a finalizar o painel das intervenções, o prof. Rui Sousa aborda o subtema “Viagens: parábolas de vida”, focalizando a sua intervenção na leitura e escrita como pilares da civilização, construção da “história” – a ficção da dor que deveras se sente -, a partilha de emoções, a leitura como desejo de ir mais além: mais céu, mais azul, mais sol, mais brasa”.
A pausa para o café oferecido pela Escola anfitriã evidenciou a sua arte de bem receber, tendo sido o momento em que os participantes conviveram e conversaram à volta do tema, com a alegria que caracteriza estes reencontros.
A segunda parte foi de debate, num ambiente informal, com o desejável intercâmbio de opiniões e dúvidas muitas delas esclarecidas pelos autores, mas também muitas mais ficaram por descortinar, dado ser matéria onde não existem consensos.
De tudo ficou um encontro rico em palavras ditas, relatando experiências de quem vive com paixão a leitura e escrita e tentou motivar os presentes para que desenvolvam nos seus alunos o gosto pela leitura e escrita.
No final as palavras de agradecimento a todos que contribuíram para esta iniciativa, em especial aos oradores, moderadora, aos presentes, Câmara Municipal de Valpaços pelas lembranças e em especial à Escola de Valpaços que tão bem nos recebeu.
Em nome do Centro de Formação de Professores um bem-haja a todos que construíram este momento único, tão enriquecedor para a formação dos que têm a missão de transformar e fazer crescer culturalmente os mais jovens enquanto cidadãos críticos interventivos.
Continuaremos no dia 11 de Março com o 2º Encontro “Artes na educação- para a cidadania”, na Escola Secundária Dr. António Granjo.

Altino Rio
Fonte: http://diarioatual.com/?p=203665&ec3_listing=disable

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