14 de novembro de 2015

Goji, made in Trás-os-Montes

Valpaços já não é apenas uma região de azeite, vinho e castanhas. Agora também crescem ali mirtilos, groselhas e goji. Há agricultores a apostar em novos produtos. Querem criar hábitos de consumo para uma alimentação que acreditam ser mais saudável.


Filipe Monteiro e Susana Vilar são um casal que até há dois anos tinha uma vida completamente estável em Lisboa. Estão na casa dos 40. As ligações à terra de Susan levaram-nos à aldeia de Sonim no concelho de Valpaços.

Deixaram tudo. Mudaram de vida e atividade. "Queríamos uma atividade relacionada com a agricultura, produzirmos um bocadinho da nossa própria alimentação e também por questões de qualidade, sabemos o que estamos a comer sem pesticidas nem fungicidas, essas coisas que a alimentação de supermercado tem", diz ela.

Filipe Monteiro acrescenta que após várias hipóteses em cima da mesa e depois de vários estudos de mercado, decidiram apostar na produção de mirtilos e groselhas.

São cerca de três hectares de cultivo que diz serem "frutas que a início se estranham mas que depois se entranham e as pessoas sabem que é uma fruta que faz bem à saúde".

Filipe conta que na aldeia, quando o casal começou a falar com os vizinhos sobre a intenção de avançar com esta produção, alguns ficaram surpreendidos. "Mirtilhos, perguntavam, eu corrigia, mirtilos, há, é que eu já estive e ver uns livros e quando tiver produção eu gostava de fazer uns bolos ou compotas, respondiam. Aqui na aldeia não conheciam o fruto".

O casal espera, dentro de poucos anos, atingir as 20 toneladas de mirtilos e 10 de groselha. A grande maioria será para exportação para países do norte e centro da Europa, onde o consumo é "bastante normal".?

Goji, o superfruto

Mais perto têm ficado as bagas de goji de André Teixeira. "Semana após semana, fomos aumentando, fomos encontrando lojas de produtos biológicos. Começámos com uma feira no Porto, depois com duas lojas, com três, quatro e acabámos o ano com doze lojas onde pomos as nossas bagas de goji. Porto, Gaia, Braga, Guimarães, Póvoa do Varzim, Vila do Conde".

André Teixeira decidiu, há cerca de três anos, apostar nesta pequena baga, originária do oriente, ali na aldeia de Rendufe, também no concelho de Valpaços e deu-se bem. "Conseguimos vender tudo, principalmente em mercado fresco".

Este "superfruto", como também é chamado, é consumido por gente que experimenta ou já sabe o que é o goji.. "É um consumidor que é informado e que nem se importa de pagar um pouquinho mais por um produto se souber da qualidade. Temos relatos de pessoas que baixaram o colesterol com o consumo regular, melhorias ao nível da visão, melhorias ao nível do sono, os benefícios são enormes", conclui.

André Teixeira foi um dos primeiros, no país, a apostar neste produto, mas há cada vez mais gente a querer produzi-lo e a querer prová-lo.

Não há alimentos milagrosos

Batata-doce, sementes e cereais sim, mas sem exageros. A bastonária da ordem dos nutricionistas lembra que "os alimentos fazem-nos ser saudáveis mas também nos fazem ser doentes" e por isso, apela ao equilíbrio no consumo de sementes, cereais, batata-doce e mirtilos, por exemplo.

Alexandra Bento sublinha que esses produtos devem fazer parte da nossa alimentação, mas avisa que "não os devemos encarar como um milagre". A bastonária explica que há uma clara tendência para o consumo de "novos alimentos" porque "nunca antes se falou tanto da relação entre a alimentação e a saúde e portanto há uma informação crescente sobre a forma como devemos adequar os nossos hábitos alimentares ao nosso estilo de vida no sentido de evitarmos doenças".

Alexandra Bento alerta ainda para a forma como confecionamos os alimentos "ditos saudáveis" dando como exemplo a batata-doce, lembrando que "se for frita já não será tão saudável".

Fontes: http://www.tsf.pt/sociedade/interior/goji-made-in-trasosmontes-4882072.html






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