15 de dezembro de 2014

Estudo da UTAD revela que quebras na produção de castanha atingiram os 50% em Trás-os-Montes



Um estudo realizado por Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) revelou que, entre 2006 a 2014, a produção de castanha teve uma quebra de quase 50% devido às doenças que afectam os castanheiros e à mortalidade dos povoamentos. O estudo, desenvolvido nos concelhos de Valpaços e Vinhas, foi premiado como o melhor em Portugal na área da Fitossanidade Florestal.

“O castanheiro, espécie da qual dependem economicamente muitas famílias da Terra Fria Transmontana e das terras altas da Beira Interior, é uma árvore assolada por doenças difíceis de controlar, sobretudo a tinta ou o cancro, que causam prejuízos avultados aos produtores”, afirma Luís Martins, docente e investigador da UTAD.
Desenvolvido em duas importantes regiões de produção da castanha, os concelhos de Valpaços e Vinhais, foram efetuados voos com uma aeronave não tripulada (Drone) através da qual se obtiveram fotografias áreas, que cobriram o equivalente a 483 ha e 394 ha.
O estudo intitulado “Monitorização da condição fitossanitária do castanheiro por fotografia aérea obtida com aeronave não tripulada” foi realizado em colaboração com os investigadores João Paulo Castro do Instituto Politécnico de Bragança, Ricardo Bento e Joaquim Sousa, também da UTAD.
“A ideia foi comparar as fotografias agora obtidas, com outras imagens obtidas em 2006 em voos nacionais”, acrescenta Luís Martins.
O estudo permitiu perceber que no “período de 2006 a 2014, as perdas de produção atingiram quase 50% dos povoamentos, devido à mortalidade e ao declínio provocado pelas doenças” sublinha o investigador.
As imagens captadas pelo Drone permitiram ainda “conhecer os focos mais afetados”, mas revelou também que, nesse período, houve “acréscimo da área de castanheiro por novas plantações, tanto em Valpaços (20%) como em Vinhais (29%), revelando o grande interesse dos produtores pela cultura”, complementa.
O prémio, do grupo Portucel Soporcel para o melhor estudo de 2014 na área da Proteção Contra Pragas, Doenças e Infestantes na Floresta, foi atribuído durante o 1º Simpósio da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal e 7º Congresso da Sociedade Portuguesa de Fitopatologia, sob o tema “Novos desafios na proteção das plantas” que decorreu em Oeiras de 20 a 21 de novembro de 2014.
Na opinião de Luis Martins, o prémio é um “bom incentivo à continuação de estudos relativos à monitorização da sanidade do castanheiro”, já que é uma espécie ocupa cerca “35 mil ha em Portugal e 30 mil ha em Trás-os-Montes, em 2013 as exportações atingiram 17,5 milhões de euros”.
Por isso salienta que esta metodologia pode ser usada na “avaliação fitossanitária de outras espécies florestais com importância económica relevante, como o pinheiro bravo, eucalipto ou sobreiro”. Espécies, que são também afetadas por um conjunto de “agentes bióticos que causam prejuízos avultados todos os anos”.
Problema que não deve ser descurado, pois a “floresta portuguesa representa cerca de 3% do PIB, tem uma área aproximada de 34,5 mil km2 e ocupa 38% do território nacional, sendo a 12ª maior área florestal da União Europeia”, conclui o investigador.

Fontes: http://diarioatual.com/?p=191311

Sem comentários :

Enviar um comentário